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Uma nova estrutura gigante liga as duas margens do Rio das Pérolas, de Zhongshan a Shenzhen
Tempo de liberação:2022-09-07
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A meio do Delta do Rio das Pérolas, na província de Guangdong, uma nova estrutura gigante está a ser construída – a terceira ponte sobre o Rio – que irá ligar Zhongshan, na margem ocidental, a Shenzhen, na oriental.


As obras da ponte Lingdingyang,  sobre o Rio das Pérolas, com um custo estimado em 50 mil milhões de yuans e um comprimento de 24 Km e que é considerada como um importante projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, tiveram início em Dezembro de 2016.


Esta ponte constituirá o mais ambicioso projecto de engenharia – a começar no lado de Shenzhen com um túnel com 6,7 quilómetros de extensão, até ao destino em Zhongshan, com dois lanços, separados por duas ilhas artificiais. Irá disponibilizar quatro faixas de rodagem em cada sentido, a uma velocidade máxima de 100 quilómetros por hora, e uma capacidade para 90 mil automóveis por dia. O túnel será o mais largo imerso do mundo, dispondo de furos mais largos alguma vez perfurados, com uma largura a 38 metros.


Esta ponte permitirá reduzir o tempo de viagem de Shenzhen para Zhongshan para cerca de 30 minutos, comparativamente com a duração actual duas horas.


Disponibilizará ainda de duas torres principais, um vão principal de 1.666 metros, a uma altura de 270 metros e uma viga de caixa dupla para garantir uma estabilidade óptima contra os ventos. O cabo-piloto atravessou o Rio das Pérolas a 15 de Fevereiro de 2022. O projecto inclui uma ilha polivalente que poderá acolher um Centro de Conferências, com uma dimensão de 15 mil metros quadrados, bem como instalações para escritórios e restaurantes e ainda espaço para passeio marítimo. Será a maior ponte marítima do mundo suspensa por vigas de caixa de aço. 


Duas empresas dinamarquesas ganharam o contrato para o projecto – a empresa de engenharia COWI A/S e a de arquitectura Dissing+Weitling. As empresas crêem que “será um desafio construir a ponte dadas a alta intensidade do vento que a região experimenta no Outono, associada à fundação que repousa no delta de um rio constituído por areia e solo solto”.


“Um papagaio de papel clássico serviu de inspiração para o desenho da ponte”, segundo a COWI. “A ponte será um marco significativo para toda a região, além de proporcionar uma ligação mais directa entre as margens ocidental e oriental do rio.” “Além dos produtos agrícolas e marinhos, a forte economia de Guangdong assenta nas suas indústrias ligeiras e pesadas”, afirmou. Quando a ponte estiver concluída irá facilitar o transporte de cargas de produtos industriais.


Ambiciosa Rede de Transportes

Já em 2002, o governo de Guangdong iniciou um estudo sobre a possibilidade de construir uma ponte entre Shenzhen e Zhuhai, embora tenham sido encontrados na altura factores, tais como elevados custos e dificuldades na sua construção. Em 2008, o governo provincial realizou um estudo de viabilidade de construção de uma ponte entre Shenzhen e Zhongshan. Em 2015, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma aprovou oficialmente o plano. A construção das ilhas artificiais realizou-se entre 2016 e 2018, estando agora os trabalhos de construção em curso.


A construção da ponte faz parte da ambiciosa rede de transportes da Área da Grande Baía (AGB) que liga Macau, Hong Kong e nove cidades do Delta do Rio das Pérolas – Shenzhen, Zhongshan, Zhuhai, Jiangmen, Foshan, Zhaoxing, Cantão, Dongguan e Huizhou. A rede acelerará o fluxo de mercadorias e pessoas e apoiará o rápido crescimento da AGB, uma das fábricas do mundo para produtos industriais ligeiros e pesados.


A ponte terá ligação à via rápida Cantão-Shenzhen, a sul do aeroporto de Shenzhen e à via rápida Jihe, a leste do aeroporto. Do lado de Zhongshan, ligar-se-á à via rápida Zhongshan-Jiangmen.


A ponte será importante para Macau por situar-se a 39 quilómetros de Zhongshan, facilitando a deslocação dos residentes e comerciantes até à zona leste do Rio das Pérolas.


Segundo Sam Crispin, chefe de sustentabilidade e ESG (Ambiente, Social e Governação, na sigla em inglês) da Savills Asia Pacific em Hong Kong: “vimos como o investimento em infra-estruturas na China transformou o país. Na região da AGB, a ponte Shenzhen-Zhongshan é um elo fundamental que ajudará a colocar Zhongshan em foco e permitirá que o desenvolvimento económico acelere.”


“Zhongshan é uma das cidades que está menos avançada em relação ao resto da província de Guangdong. A abertura da nova ponte irá aproximá-la a Shenzhen, permitindo a sua efectiva integração económica com Shenzhen, Zhuhai e Macau”, acrescentou.


Área da Grande Baía

A AGB abrange uma área total de 56 mil quilómetros quadrados, superior ao dobro das áreas metropolitanas de Nova Iorque e da Baía de São Francisco dos Estados Unidos. Tem uma população acima de 86 milhões de habitantes. Em 2021, o seu PIB era de 12,6 mil milhões de yuans, representando cerca de 12% do total nacional. Existem 25 empresas da AGB na listagem da Fortune Global 500.


O Governo Central atribuiu ao desenvolvimento da AGB o estatuto de planeamento estratégico chave no plano de desenvolvimento nacional, devido à sua grande importância na execução do desenvolvimento impulsionado pela inovação e nos seus compromissos para com a reforma e a abertura ao exterior.


A AGB visa aprofundar a cooperação entre Guangdong, Hong Kong e Macau e aproveitar plenamente as vantagens distintas dos três locais, acelerar a integração na região e promover o desenvolvimento económico regional coordenado. O plano visa tornar a AGB uma área de modelo internacional ideal para viver, trabalhar e viajar.


O Governo pretende criar uma rede que dê acesso às pessoas a qualquer uma das 11 cidades do AGB em cerca de uma hora bem como atrair dezenas de milhares de pessoas de Hong Kong e de Macau a residir e trabalhar nas cidades da AGB.


A nova ponte desempenhará um papel crítico na construção da AGB, facilitando o fluxo de mercadorias e de pessoas entre os lados ocidental e oriental do Rio das Pérolas. Historicamente, o lado Leste – o corredor entre Cantão e Shenzhen – era mais desenvolvido do que o lado oeste, essencialmente devido ao seu sistema de transporte mais aperfeiçoado.


O investimento em sistemas ferroviários e rodoviários no lado Oeste marcou a diferença, indo a nova ponte preencher essa lacuna, proporcionando um acesso mais rápido e fácil às empresas e indivíduos da zona ocidental até Shenzhen, Dongguan, Huizhou e Hong Kong.


Vencedores

Os grandes vencedores da ponte serão Zhongshan, Zhuhai, Jiangmen e outras cidades da margem ocidental do Rio das Pérolas. As suas empresas beneficiarão do melhor acesso aos mercados de Shenzhen e de Hong Kong e seus portos e aeroportos.


Hendrik Hillebrecht, da Câmara de Comércio Alemã em Hong Kong, acredita que a ponte irá fortalecer a posição de Zhongshan como centro de empresas de tecnologia inovadora com sede em Shenzhen e Hong Kong, e ainda graças às suas vantagens de custo e localização, Zhongshan estabeleceu-se como uma base industrial crucial para as empresas de Cantão, Foshan e Hong Kong, particularmente de produtos electrodomésticos, produtos electrónicos e eléctricos, de iluminação, mobiliário, têxteis e vestuário”.


Conforme o Departamento de Estatísticas de Zhongshan, Zhongshan alcançou um PIB de 356,6 mil milhões de yuans em 2021, com um crescimento anual de 8,2%. As exportações aumentaram 23% para 223,16 mil milhões de yuans e as importações 17,6% para 46,33 mil milhões de yuans. O PIB de Zhongshan posiciona-se em segundo lugar, de entre as cidades da margem ocidental do Rio das Pérolas, seguido de Foshan.


Zhongshan alberga a sede dos grupos Midea e TCL, dois dos maiores produtores chineses de electrodomésticos. É ainda um grande produtor de artigos de iluminação, vestuário de ganga, móveis de jacarandá, fechaduras e electrodomésticos a gás.


A  nova ponte  Hong Kong-Zhuhai-Macau (HZMB), inaugurada em Outubro de 2018, também sobre o Delta do Rio das Pérolas, estende-se por 55 quilómetros e liga as três cidades. O governo de Hong Kong contribuiu uma quota-parte de 120 mil milhões de dólares de Hong Kong para a sua construção e o de Macau com 412,7 milhões de dólares.


A pandemia de Covid-19 reduziu drasticamente o número de viagens, sendo que as três cidades impuseram medidas de quarentena. Em Fevereiro de 2020, por exemplo, o número de veículos que utilizou a ponte foi de 40 788, muito menos do que os 114 744 registados em Fevereiro de 2019.


A longo-prazo, a nova ponte constituirá uma grande concorrência na zona da HZMB por oferecer aos viajantes em Zhuhai e Zhongshan e outras cidades da margem ocidental do Rio das Pérolas, uma rota alternativa mais em conta e rápida para a margem oriental. Ao atravessarem a nova ponte as pessoas não terão necessidade de passar pelas alfândegas e serviços de migração, o que acontece na ponte HZMB, não impondo igualmente qualquer restrição aos veículos em circulação naquela ponte.