Inovação e empreendedorismo são os pilares do “929 Challenge”, competição que conta com o apoio do Fórum de Macau e procura reforçar a cooperação entre a China e os países lusófonos
A 4.ª edição do “929 Challenge”, cuja fase final se realiza em Macau, promete inovações significativas, procurando atrair mais participantes e aprofundar as relações entre a China e os Países de Língua Portuguesa.
Os fundadores da competição, José Alves e Marco Rizzolio, destacam o apoio “crucial” do Fórum de Macau para o sucesso da iniciativa, que se tem tornado numa das principais competições de inovação e empreendedorismo para start-ups lusófonas e da região da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau.
O concurso é organizado pelo Secretariado Permanente do Fórum de Macau em conjunto com a Associação de Empreendedorismo e Inovação Macau – China e Países de Língua Portuguesa (AEIMCP), contando com a participação da Universidade da Cidade de Macau, Universidade de Macau, Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, Universidade de São José, Universidade de Turismo de Macau, Universidade Politécnica de Macau e Universidade das Nações Unidas – Instituto em Macau.
As inscrições para a competição estão abertas até 29 de Setembro. As provas finais serão realizadas, em Macau, no dia 9 de Novembro.
“Recebemos, desde o primeiro ano, o crucial apoio institucional do Fórum de Macau, que tem sido determinante para elevar o perfil da competição junto dos Países de Língua Portuguesa, bem como para facilitar conexões de alto nível com governos, empresas e instituições académicas nesses países”, destaca Marco Rizzolio.
O Fórum de Macau “também nos tem aconselhado sobre como alinhar melhor a competição com as prioridades económicas e de desenvolvimento dos países participantes”, realça o mesmo responsável. “Estamos extremamente gratos por esta parceria e o apoio incondicional, que tem sido essencial para o sucesso e o crescimento do ‘929 Challenge’”, aponta.
Na conferência de imprensa de apresentação da corrente edição, o Secretário-Geral Adjunto do Secretariado Permanente do Fórum de Macau, Casimiro de Jesus Pinto, salientou a importância da competição para uma nova geração de inovadores e empreendedores, fortalecendo a ligação entre a China e os Países de Língua Portuguesa. De acordo com o representante do Fórum de Macau, a nova edição do evento reforçará ainda mais a promoção da estratégia “1+4” de diversificação adequada da economia de Macau, a integração entre Hengqin e Macau, bem como a cooperação entre Macau, a Grande Baía e os Países de Língua Portuguesa.
Maior dimensão
A edição deste ano do “929 Challenge” continuará a dividir-se em dois grupos: um para universidades e outro para start-ups. Enquanto as equipas universitárias apresentam, usualmente, ideias de negócio numa fase ainda embrionária, as start-ups tendem a submeter um produto ou serviço já numa fase mais próxima da comercialização.
Nesse sentido, destacam os fundadores, a competição serve como trampolim para testar produtos e serviços, e até encontrar novos mercados.
A organização espera receber um maior número de inscrições este ano comparativamente a edições anteriores, contando já com o interesse de start-ups de diversos sectores, como “healthtech”, “agritech” e “cleantech”. “Estamos muito satisfeitos com a qualidade e o potencial das candidaturas até agora”, realça Marco Rizzolio.
Com o objectivo de continuar a crescer, a competição estabeleceu acordos com várias entidades, incluindo empresas de capital de risco, como a Da Heng Qin Macao Corp e a Portugal Ventures, e o Instituto Nacional de Apoio às Micro, Pequenas e Médias Empresas (INAPEM) de Angola.
O “929 Challenge” assume-se focado na promoção de oportunidades entre a China e os Países de Língua Portuguesa em áreas como turismo, saúde, finanças, agronegócios, economia azul, energias renováveis e segurança alimentar.
Nesse âmbito, a AEIMCP e o INAPEM assinaram em Luanda, em Maio, um memorando de entendimento, com o objectivo de fortalecer os ecossistemas de empreendedorismo e inovação entre as duas regiões.
O acordo estabelece uma parceria estratégica entre as duas organizações, com o intuito de facilitar a troca de informações, o desenvolvimento de projectos inovadores e a criação de oportunidades de negócio para start-ups e empreendedores em Angola, Macau e no Interior da China.
Na altura, João Muinguilo Lunda Nkosi, Presidente do Conselho de Administração do INAPEM, afirmou que a parceria com a AEIMCP representava “um passo significativo” nos esforços “para apoiar o crescimento de empresas inovadoras e conectar os ecossistemas empreendedores de Angola e Macau-China”.
Ao abrigo do acordo, as duas organizações pretendem colaborar numa série de iniciativas, incluindo a troca de informações sobre programas de formação, oportunidades de financiamento e eventos especializados.
O memorando possibilita ainda ao INAPEM realizar, em Macau, um conjunto de iniciativas de impacto e de promoção externa do empreendedorismo angolano, no domínio da aceleração, desenvolvimento de competências, ideação, nómadas digitais, entre outros.
Já no ano passado, a AEIMCP tinha assinado um memorando de entendimento com o Governo de Cabo Verde. O acordo, com a validade de dois anos, constituiu as bases para que Cabo Verde servisse de entrada aos empreendedores da região da Grande Baía no continente africano, enquanto Macau se posiciona como uma ponte para os empreendedores baseados em Cabo Verde explorarem o mercado chinês.
A janela da Grande Baía
Do programa deste ano do “929 Challenge” fazem parte visitas a incubadoras e aceleradoras de empresas, workshops e sessões de mentoria, oferecendo às start-ups vencedoras uma imersão no ecossistema empreendedor da Grande Baía. Estas actividades, ressalvam os organizadores, são fundamentais para que as start-ups tenham acesso a potenciais investidores e aos recursos necessários para o seu desenvolvimento.
“Sem dúvida, o ‘929 Challenge’ pode providenciar um apoio directo às start-ups e promove a imagem de Macau junto dos Países de Língua Portuguesa, bem como no Interior da China”, sublinha Marco Rizzolio. “A maioria das equipas participantes fica muito entusiasmada com as oportunidades geradas pela competição.”
“Notámos que as expectativas têm subido gradualmente devido às dificuldades de internacionalização que as empresas enfrentam na conjuntura actual”, acrescenta o co-fundador. “Ao conectar start-ups promissoras com potenciais investidores, com programas de mentoria e alargando o leque de eventuais recursos na região da Grande Baía, pretendemos ajudar a posicionar Macau como um centro vital de inovação e cooperação económica.”
Para a próxima edição, o foco dos organizadores estará centrado na qualidade e potencial das start-ups participantes. “Queremos atrair projectos com sólidos modelos de negócio, tecnologias inovadoras e um forte potencial de crescimento”, afirma Marco Rizzolio. A estratégia inclui esforços direccionados de divulgação e colaboração estreita com incubadoras, universidades e outras organizações.
Os prémios monetários para os três melhores classificados em cada categoria da competição incluem 30 mil dólares americanos e outros 4 mil dólares em serviços da Alibaba Cloud. “Estes serviços são extremamente valiosos para start-ups em estágio inicial, incluindo produtos e serviços em nuvem, ferramentas de análise de ‘big data’ e soluções de inteligência artificial”, explica Marco Rizzolio.
No ano passado, a competição contou com 16 finalistas, entre as quais oito start-ups e oito equipas de universidades chinesas e lusófonas. No total, registaram-se mais de 1.500 participantes distribuídos por cerca de 280 equipas da China e dos nove países lusófonos.
Ao longo de três edições foram já vários os casos de sucesso de start-ups, dizem os fundadores. Entre estes destacam-se a Glooma, dedicada à detecção precoce do cancro da mama; a Inclita Seaweed Solutions, que recorre ao uso de algas para cosméticos; a Green Poultry, apostada na produção de biogás; a Sea4Us, que procura desenvolver um analgésico para tratamento da dor crónica; e a Bedev, empresa de biotecnologia no domínio dos dispositivos médicos, com recurso à impressão 3D.
“Estas start-ups demonstraram não apenas modelos de negócio inovadores e escaláveis, mas também já começaram a gerar receita e a atrair investimento”, salienta Marco Rizzolio. “Acreditamos que têm um enorme potencial de crescimento e servem como excelentes exemplos do tipo de empreendedorismo que o ‘929 Challenge’ visa fomentar.”
Na edição de 2023, as start-ups portuguesas Glooma, Bedev e Fykia Biotech arrecadaram os três primeiros lugares da competição. Entre as universidades, o primeiro lugar coube à chinesa Guangdong University of Science and Technology, com um projecto de óleos de alimentação para aquacultura, seguida pela Universidade de Macau, com obrigações verdes para investir em projectos sustentáveis e compensar emissões de carbono. Em terceiro lugar ficou a Guangdong Polytechnic Normal University, com um projecto dedicado à protecção de trabalhos digitais contra ataques informáticos.