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China e Angola reforçam laços bilaterais
Tempo de liberação:2024-07-06
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A visita de Estado do Presidente de Angola à China foi considerada um sucesso. O Presidente chinês, Xi Jinping, prometeu mais apoio ao investimento no país africano para ajudar à modernização.


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O Presidente de Angola, João Lourenço, efectuou uma visita de Estado à China entre os dias 15 e 17 de Março, tendo-se despedido do país após vários encontros de alto nível e um total 12 acordos de cooperação firmados. O objectivo de reforçar a cooperação e elevar a parceria estratégica para um novo patamar foi cumprido com sucesso, segundo declarações dos dois lados.


O Presidente angolano tinha visitado a China pela última vez em 2018. Já em 2023, a China e Angola celebraram o 40.º aniversário das relações diplomáticas, tendo sido assinado um acordo para a promoção e protecção recíproca de investimentos, com vista a criar um instrumento jurídico que garantisse um quadro estável ao investimento entre Angola e a China. 


A China é o maior parceiro comercial do país africano, bem como a maior fonte de exportações e de investimento. Angola, por sua vez, é o segundo maior parceiro comercial da China no continente africano. Em 2023, o volume das trocas comerciais entre os dois países atingiu 23,05 mil milhões de dólares, de acordo com dados dos Serviços de Alfândega da China.


Apesar disso, João Lourenço viajou para a China com a missão de aprofundar ainda mais a cooperação bilateral e foi recebido, em Pequim, pelo Presidente chinês, Xi Jinping, a 15 de Março. 


Os dois dirigentes tiveram uma reunião de alto nível e assistiram à assinatura de 12 acordos de reforço da cooperação bilateral, relativos à iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, e em áreas como economia, comércio, ambiente, agricultura, inovação tecnológica, entre outras. A mensagem deixada por Xi Jinping ao líder angolano foi clara: as relações mantêm-se positivas e são para continuar, mas ainda há espaço para elevar os laços bilaterais para uma parceria de cooperação estratégica global.


Uma amizade duradoura


O Presidente chinês salientou que, ao longo das quatro décadas de relações diplomáticas, ambos os países têm resistido aos desafios das vicissitudes internacionais. A cooperação entre as duas nações goza de uma base sólida, de grande escala e de elevada complementaridade, criando enorme potencial e perspectivas brilhantes para a cooperação mutuamente benéfica, afirmou. As duas partes devem promover uma cooperação de alta qualidade no âmbito da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, alinhar estratégias de desenvolvimento e melhorar a qualidade e a eficácia da sua cooperação pragmática, defendeu o líder chinês.


Xi Jinping garantiu o apoio ao desenvolvimento de Angola, com o objectivo de promover conjuntamente o processo de modernização de cada país. O dirigente prometeu trabalhar com o país africano para implementar projectos-chave no sector das infra-estruturas e apoiar empresas chinesas a investirem em Angola e a criarem novos modelos de cooperação, bem como para ajudar o país a avançar na modernização agrícola, industrialização e diversificação económica. A China continuará também a enviar equipas médicas e a implementar outros projectos em Angola, assim como a oferecer bolsas de estudo a jovens angolanos, garantiu o líder chinês. 


João Lourenço destacou que “o apoio e a cooperação da China promoveram enormemente a construção de infra-estruturas e o desenvolvimento económico e social de Angola, dando um bom exemplo de cooperação mutuamente benéfica”. O dirigente lembrou também a ajuda chinesa ao país durante o período da pandemia da COVID-19, referindo que as relações bilaterais “têm conhecido um crescimento significativo de ano para ano”.


O Presidente angolano lançou o repto para que mais empresas chinesas invistam em Angola de forma a ajudar ao desenvolvimento e revitalização do país. Angola está disposta a reforçar o trabalho com a China para alcançar mais resultados nas relações bilaterais, acrescentou.


Investimento e “know-how”


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No segundo dia da visita, realizou-se em Pequim um fórum de Negócios Angola-China sobre petróleo e gás, recursos minerais e de agricultura. Num discurso na cerimónia de abertura, João Lourenço adiantou que o país pretende atrair investidores chineses que tragam à economia não só capital e tecnologia avançada, mas também “know-how”, para permitir aumentar a eficiência na produção interna de bens e serviços. 


“Queremos que cooperem connosco no processo de transformar Angola num país próspero e moderno, capaz de proporcionar ao seu povo as melhores condições de vida”, sublinhou.


Em entrevista à televisão chinesa CCTV, João Lourenço salientou que Angola “está interessada em aumentar consideravelmente os níveis de produção de alimentos para garantir a segurança alimentar” no país. “Queremos colher a experiência da China em termos de produção agrícola, nos mais diversificados produtos alimentares”, asseverou. 


À margem do fórum, em declarações ao Diário do Povo Online, o Ministro da Agricultura e Florestas de Angola, António Francisco de Assis, realçou que a visita foi um momento histórico para ambos os países, permitindo aprofundar a cooperação bilateral, especialmente no que toca ao comércio e ao investimento. No sector agrícola, o Ministro salientou o investimento de empresas chinesas em Angola, que além de contribuírem para a produção nacional, transmitem também conhecimento e apoio às comunidades locais.


No mesmo dia, o Presidente angolano realizou uma visita a Shandong, uma província que, pelo seu elevado desenvolvimento agrícola, pode contribuir para o sector em Angola. João Lourenço e a sua delegação tiveram um encontro com o Secretário do Comité Provincial de Shandong do Partido Comunista Chinês, Lin Wu.


Lin Wu afirmou que Angola está estrategicamente localizada e contém recursos abundantes, que complementam bem a economia de Shandong, oferecendo amplas perspectivas de cooperação entre os dois lados. A visita do Presidente angolano a Shandong irá impulsionar ainda mais a cooperação entre a província e Angola em vários domínios como economia, comércio e investimento, salientou.


Já o líder angolano explicou que a visita a Shandong pretendeu observar o desenvolvimento empresarial chinês e reforçar a cooperação entre empresas de ambos os lados. A par disso, reforçou que Angola pode aprender com a experiência de desenvolvimento da China para melhorar a sua própria produção agrícola e industrialização.


No ano passado, Shandong assinou um protocolo com a província angolana de Bengo, para reforçar a cooperação não só na agricultura, mas também na economia, comércio e formação profissional. O Parque Industrial da Sino-Ord representa um dos principais investimentos de Shandong em Angola. Desde a sua criação, o parque lançou seis projectos industriais, com cerca de 200 funcionários chineses e aproximadamente 1.700 trabalhadores locais.


Um novo ímpeto


Durante a visita à China, foram negociados novos termos para Angola saldar a dívida de 17 mil milhões de dólares à China. Segundo o Ministro de Estado para a Coordenação Económica de Angola, José de Lima Massano, o país conseguiu reduzir os pagamentos até 200 milhões de dólares mensais, sem, contudo, ter sido alterado o calendário dos pagamentos.


O Embaixador da China em Angola, Zhang Bin, explicou que o ajustamento dos termos de pagamento reuniu consenso das duas partes e é uma resolução razoável e satisfatória, assegurando uma base sólida para a futura cooperação sino-angolana. O diplomata falava durante uma conferência de imprensa de rescaldo da visita de João Lourenço à China.


A visita de Estado do Presidente de Angola à China foi um sucesso, concluiu o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jian, durante uma conferência de imprensa no dia 18 de Março. O responsável sublinhou que a amizade entre os dois países “continua tão forte como sempre”.


“Esta visita injectou um novo ímpeto e traçou um novo plano para o crescimento do relacionamento China-Angola. Olhando para o futuro, a China trabalhará com Angola para implementar os importantes entendimentos comuns alcançados entre os dois Presidentes, levar por diante a nossa amizade tradicional, prestar um apoio firme mútuo, aprofundar a cooperação mutuamente benéfica e trabalhar em conjunto para avançar o nosso respectivo processo de modernização”, referiu o mesmo responsável.


O Presidente Xi Jinping aceitou um convite para visitar Angola. O dirigente chinês visitou o país pela última vez em 2010, enquanto Vice-Presidente da China. Já o Presidente da República de Angola aceitou regressar a Pequim em Setembro do corrente ano, para participar na Cimeira do Fórum de Cooperação China-África.