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Dra. Xie Ying Secretária-Geral Adjunta do Fórum de Macau
Tempo de liberação:2024-03-26
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A nova Secretária-Geral Adjunta do Fórum de Macau, Dra. Xie Ying, que assumiu funções no final de Outubro do ano passado, exerceu funções sucessivamente no Departamento Económico e Comercial da Embaixada da China no Brasil, Departamento para os Assuntos da Europa do Ministério do Comércio da China e Departamento para a Gestão de Recursos Humanos do MOFCOM. Tem grande experiência nas áreas de cooperação económica e comercial no exterior, domina a língua portuguesa e conhece bem a situação da cooperação económica e comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa.


A Dra. Xie Ying foi colocada no Fórum de Macau num importante momento quando a  instituição faz 20 anos desde a criação e numa altura em que novos desafios se colocam com a iniciativa Faixa e Rota, da criação da Área da Grande Baía e da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau, em Hengqin.

 

Na sua opinião qual a importância destas iniciativas na relação da China com os Países de Língua Portuguesa?

Desde a sua criação, há 20 anos, o Fórum de Macau tem logrado grandes êxitos na promoção de intercâmbios em diversas áreas entre a China e os Países de Língua Portuguesa [PLP]. Diante da fraqueza da recuperação económica global, é importante que todos os países se unam para realizar acções de cooperação mutuamente benéficas e superar conjuntamente os desafios.  Do meu ponto de vista, a iniciativa Faixa e Rota poderá se acoplar às estratégias de desenvolvimento dos PLP, alcançando uma situação vantajosa para todos. Ao mesmo tempo, a criação da Área da Grande Baía e da Zona de Cooperação Aprofundada em Hengqin pode injectar um novo impulso, proporcionar um novo espaço e criar novas oportunidades para o desenvolvimento de Macau a longo prazo, impulsionando o desempenho da RAEM enquanto ponte entre a China e os PLP e estreitando as relações sino-lusófonas. 

 

Ao longo das últimas décadas o Fórum de Macau privilegiou a cooperação económica apesar de ter lançado algumas medidas de difusão cultural dos Países de Língua Portuguesa. Não acha que chegou a altura de serem feitas mais acções destinadas a que organismos culturais e sociais  dos 9 países se conheçam melhor ?

Tenho noção de que o Fórum de Macau foi criado como um mecanismo multilateral de cooperação intergovernamental, centrado no desenvolvimento económico e comercial.  Com o tempo, os domínios de cooperação têm-se diversificado, compreendendo educação, turismo, cultura, ciência e tecnologia, etc.  Em linha com as directrizes das passadas Conferências Ministeriais, o Fórum de Macau tem-se empenhado na promoção dos intercâmbios culturais e humanísticos entre os povos chinês e lusófonos, como por exemplo, realizar 15 edições de Semana Cultural da China e dos PLP e 54 colóquios para formação dos oficiais dos PLP.  Acho que nos próximos anos, podemos trabalhar ainda mais nesse sentido, conferindo mais visibilidade à Semana Cultural, organizando mais seminários, colóquios, entre outras actividades, para fomentar cada vez mais os intercâmbios culturais e sociais entre a China e os PLP, e desempenhar cada vez melhor o papel de ponte entre os povos e organismos chineses e lusófonos.

 

Ao longo dos anos foram organizadas visitas do Fórum de Macau aos Países de Língua Portuguesa para dar a conhecer o papel da instituição no contexto das relações dos 9 com a China. É ideia do Fórum de Macau continuar com este projecto de visitas  proporcionando, no entanto, também contactos não apenas oficiais mas também privados?

Nos últimos anos, visitas do Fórum de Macau aos Países de Língua Portuguesa proporcionaram contactos directos e partilha de conhecimentos entre o Fórum e os PLP. Durante as visitas, a delegação do Fórum encontrou-se não só com os oficiais governamentais locais, mas também com diversas agências, associações e empresários do sector privado.  Acho que os contactos foram significativos e frutíferos. Vamos continuar a fazer oportunamente visitas aos PLP, melhorando a compreensão mútua e promovendo cooperação em diversas áreas a bem de todos.

 

Nas recentes cerimónias comemorativas dos 20 anos  do Fórum de Macau o representante do Brasil anunciou que o Governo brasileiro está a avaliar a possibilidade de ter um delegado permanente e residente na Área da Grande Baía. Trata-se de uma medida que poderá propiciar novas relações empresariais  entre o Brasil e a China. Como vê essa aproximação nesta zona geográfica? Pode ajudar a um maior relacionamento entre pequenas e médias empresas dos dois países?

Aplaudo a possível designação pelo governo brasileiro dum delegado junto ao Secretariado Permanente do Fórum de Macau.  Com mais proximidade, esse delegado poderá cooperar de forma mais estreita com os outros membros do Secretariado Permanente do Fórum de Macau, contribuir para o estabelecimento de ligações mais aprofundadas entre o Brasil e a China, ajudando as empresas brasileiras a melhor aproveitar a plataforma de Macau para participar no processo de construção da Grande Baía e da Zona de Cooperação Aprofundada em Hengqin, bem como explorar mais oportunidades de negócios na China. Creio que as pequenas e médias empresas dos dois países beneficiarão bastante com essa aproximação.  

 

A 6ª Conferência Ministerial do Fórum de Macau, adiada devido à crise pandémica, poderá ter lugar no primeiro semestre do corrente ano. Na sua opinião de especialista em relações entre a China e os Países de Língua Portuguesa quais os grandes temas que devem ser abordados tendo em conta a nova situação económica mundial e as iniciativas do Presidente Xi Jinping.

Esperamos a realização da 6ª Conferência Ministerial do Fórum de Macau no primeiro semestre do corrente ano.  Tendo em conta a actual complexa situação económica mundial, as iniciativas da China e a aspiração inicial do Fórum de Macau, serão provavelmente abordados temas que concentram a atenção e interesse comum dos países participantes do Fórum de Macau, incluindo não só os tradicionais, como cooperação comercial, investimento, cultura, etc., mas também temas sobre novas formas económicas, como desenvolvimento verde, economia azul e comércio digital.  Estou convencida de que a realização da 6ª Conferência Ministerial vai aprofundar significativamente as relações sino-lusófonas aos níveis bilateral e multilateral.

 

Macau tem tido, ao longo dos anos,  o papel de ponte entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Como é que este  papel pode ser ainda mais aproveitado pelos Países de Língua Portuguesa?

Macau, com as suas origens históricas únicas e vantagens linguísticas, joga o papel de elo de ligação entre a China e os PLP.  Nos últimos anos, Macau tem providenciado grandes contributos para a construção da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os PLP.  Com a promoção da diversificação adequada da economia de Macau e a sua integração, de forma proactiva e por iniciativa própria, no quadro geral do desenvolvimento nacional, o papel de ponte será cada vez mais valorizado e frutífero. Os Países de Língua Portuguesa podem aproveitar a plataforma de Macau para se conectar com o vasto mercado consumidor chinês, aprofundar cooperação científica e tecnológica com a China, partilhar as oportunidades de desenvolvimento na China, fomentar intercâmbios culturais e humanísticos

sino-lusófonos, e realizar vantagens complementares. O Secretariado Permanente do Fórum de Macau vai continuar a se dedicar nesse sentido, promovendo a cooperação bilateral e multilateral entre os países participantes.