As incertezas quanto à regulação em Moçambique e os riscos de um aumento do “nacionalismo de recursos” podem diminuir o interesse dos investidores estrangeiros no país, considera a Business Monitor Internacional (BMI).
De acordo com o relatório ‘Oil & Gas Report’ relativo ao primeiro trimestre deste ano, a que a Lusa teve acesso, os analistas desta consultora consideram que “as incertezas sobre a regulação e os riscos de um aumento do nacionalismo de recursos [obrigatoriedade de contratar uma determinada percentagem de mão-de-obra e empresas locais] podem diminuir o interesse dos investimentos e atrasar os projectos”.
A nova Lei do Petróleo, aprovada no ano passado, mantém-se “relativamente atractiva, mas revela alguma formalização do nacionalismo de recursos”, considera a BMI.
No relatório, os consultores dizem que uma das notas mais importantes que se pode retirar de explorações recentes e do trabalho de avaliação dos recursos em Moçambique é a “crescente confiança” que os operadores têm relativamente às reservas de gás natural, que permitem grandes projectos de exploração de gás natural liquefeito.
No entanto, sublinham, “os atrasos no investimento directo estrangeiro, a política, os custos, as restrições nas infra-estruturas e a suspensão da aprovação das leis de regulação são alguns dos principais desafios que o país terá de enfrentar enquanto evolui da exploração para a produção”.
As reservas de gás natural de Moçambique, de acordo com um relatório recente do Banco Mundial, são as mais elevadas da África subsariana.
“As reservas naturais nas águas profundas de Moçambique superam as reservas de Angola e Nigéria, os dois principais produtores de petróleo na África subsariana,” disse a instituição financeira internacional, adiantando que a primeira exportação de gás natural liquefeito está prevista para 2021.
O Governo de Moçambique aponta como data mais provável o ano de 2020.
A BMI antecipa que Moçambique “faça sentir a sua presença no mercado global de gás natural no final da década”.