Vários países africanos de língua portuguesa fizeram-se representar ao mais alto nível durante a Cimeira do Fórum de Cooperação China-África, que decorreu em Pequim
Os líderes de Moçambique, Guiné Equatorial, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde estiveram entre as dezenas de chefes de Estado e de Governo de países africanos que, entre 4 e 6 de Setembro, participaram na Cimeira do Fórum de Cooperação China-África, que decorreu em Pequim. Entre as mensagens fortes que saíram do evento, destacam-se os compromissos, por parte da China, de apoiar o continente africano com 360 mil milhões de renminbis até 2027 e de ajudar a criar um milhão de empregos, no âmbito de um pacote de dez iniciativas de parceria anunciado durante a Cimeira.
Discursando durante o evento, o Presidente chinês, Xi Jinping, apontou que as relações entre a China e África vivem o “melhor período da história”.
A Cimeira deste ano do Fórum de Cooperação China-África decorreu sob o lema “Dar as Mãos para Avançar na Modernização e Construir uma Comunidade China-África de Alto Nível com um Futuro Compartilhado”. Durante o evento, foi aprovado um novo Plano de Acção, bem como a “Declaração de Pequim sobre a Construção Conjunta de uma Comunidade China-África Plurivalente com um Futuro Compartilhado para a Nova Era”, documentos que irão orientar a acção do Fórum de Cooperação China-África no triénio 2025-2027.
No total, foram mais de meia centena os chefes de Estado e de Governo que marcaram presença na Cimeira, que decorreu em Pequim. Os países africanos de língua portuguesa estiveram entre aqueles que se fizeram representar ao mais alto nível: além de Angola, presente através do Ministro das Relações Exteriores, Téte António, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe foram representados pelos respectivos Primeiros-Ministros, Ulisses Correia e Silva e Patrice Trovoada. Os Chefes de Estado de Moçambique, Filipe Nyusi, da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, e da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, participaram igualmente no evento.
À margem da Cimeira do Fórum de Cooperação China-África, Filipe Nyusi reuniu-se com o seu homólogo chinês. Xi Jinping recordou durante o encontro que os dois líderes mantiveram várias reuniões ao longo dos últimos anos, contribuindo para resultados positivos ao nível da cooperação mutuamente benéfica entre a China e Moçambique.
O Presidente chinês notou que se celebram em 2025 os 50 anos do estabelecimento das relações diplomáticas sino-moçambicanas, desejando que as duas partes possam esforçar-se para introduzir novo conteúdo na parceira estratégica abrangente de cooperação entre a China e Moçambique. Xi Jinping salientou ainda o apoio da China ao país africano no que toca ao combate ao terrorismo e à manutenção da estabilidade nacional.
Por seu lado, Filipe Nyusi lembrou que Moçambique espera poder aprofundar a cooperação com a China em áreas como a economia, comércio, agricultura e segurança. O Presidente moçambicano acrescentou que o seu país está pronto para elevar o apoio à China em questões multilaterais, visando promover o estabelecimento de uma ordem internacional mais justa e igualitária.
O Presidente da Guiné Equatorial foi outro dos líderes africanos que se reuniram com o Presidente chinês à margem do Fórum de Cooperação China-África. Teodoro Obiang Nguema Mbasogo regressou a Pequim depois de, em Maio, ter estado na capital chinesa, altura em que os líderes dos dois países anunciaram o elevar da cooperação entre a Guiné Equatorial e a China para o nível de “parceria estratégica global”.
Na mais recente reunião, os dois governantes sublinharam o elevado nível de confiança política mútua. Durante o encontro, foi também discutido o aprofundamento da cooperação ao nível da defesa e segurança, bem como o apoio chinês ao desenvolvimento da diversificação económica da nação africana.
Do lado da Guiné-Bissau, foi também um regresso a Pequim em menos de meio ano: o país fez-se representar no Fórum de Cooperação China-África pelo respectivo Presidente, Umaro Sissoco Embaló, que voltou à capital chinesa dois meses depois de aí ter estado em visita oficial de Estado. Isso mesmo foi recordado por Xi Jinping, num encontro que manteve com o líder guineense.
O governante chinês sublinhou, durante a reunião, que o regresso a Pequim de Umaro Sissoco Embaló era demonstrativo de amizade para com a China. Xi Jinping reiterou que a China está disposta a aprofundar a sua relação de amizade tradicional com a Guiné-Bissau, avançando a cooperação estratégica entre os dois países e promovendo a salvaguarda da soberania nacional, segurança e interesses de desenvolvimento de cada uma das nações.
São Tomé e Príncipe e China mais próximos
Também o Primeiro-Ministro de São Tomé e Príncipe esteve reunido com Xi Jinping à margem do Fórum de Cooperação China-África. Durante o encontro, Patrice Trovoada e o Presidente chinês anunciaram a elevação dos laços bilaterais para o nível de “parceria estratégica”. Xi Jinping sublinhou o apoio da China ao país insular no que toca ao avanço da construção nacional e do desenvolvimento económico, acrescentando que os dois países devem explorar a cooperação em áreas como o turismo, a agricultura, as pescas e as infra-estruturas.
Por seu lado, o governante de São Tomé e Príncipe agradeceu à China pela valiosa assistência, dizendo esperar que os dois países possam consolidar ainda mais a confiança política mútua e estreitar a respectiva parceria, proporcionando uma forte garantia para que São Tomé e Príncipe possa avançar o seu desenvolvimento económico de longo prazo.
À margem da Cimeira do Fórum de Cooperação China-África, o Primeiro-Ministro cabo-verdiano manteve igualmente um encontro bilateral com o seu homólogo chinês. Durante a reunião, Li Qiang defendeu que a China e Cabo Verde devem aprofundar a cooperação em relação à construção de infra-estruturas, economia azul, desenvolvimento verde, economia digital, turismo e agricultura. Já Ulisses Correia e Silva afirmou esperar que a cooperação com a China se intensifique e que a relação bilateral possa ser elevada a novos patamares.
O governante chinês acrescentou que a parte chinesa está disponível para fortalecer os laços existentes em áreas como a saúde e a educação, com o Primeiro-Ministro de Cabo Verde a demonstrar, por seu lado, abertura para fortalecer a coordenação entre as duas nações em assuntos internacionais.