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Delegações dos bancos centrais reuniram-se em Macau
Tempo de liberação:2025-02-25
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Macau foi palco de um dos mais prestigiados eventos na área financeira entre a China e os Países de Língua Portuguesa

A “2.ª Conferência dos Governadores dos Bancos Centrais e dos Quadros da Área Financeira entre a China e os Países de Língua Portuguesa” decorreu, a 23 de Setembro passado, em Macau. Organizado pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM), o evento reforçou o papel da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) como plataforma para promover a cooperação na área dos serviços financeiros entre a China e os países lusófonos.


Segundo a AMCM, esta foi uma ocasião para os Governadores, Vice-Governadores e representantes dos bancos centrais da China e dos nove Países de Língua Portuguesa partilharem as suas experiências e perspectivas sobre estabilidade financeira e promoção da inovação financeira, explorando oportunidades de cooperação nas áreas financeiras, tecnologia financeira e sistemas de pagamentos.


A Conferência contou com a participação do Governador do Banco Popular da China, Pan Gongsheng, que proferiu o discurso de abertura. Marcaram também presença: o Governador do Banco de Portugal, Mário José Gomes de Freitas Centeno; o Governador do Banco de Cabo Verde, Óscar Humberto Évora dos Santos; o Governador do Banco de Moçambique, Rogério Lucas Zandamela; o Governador do Banco Central de São Tomé e Príncipe, Américo d’Oliveira dos Ramos; o Governador do Banco Central de Timor-Leste, Hélder Lopes; o Sub-Governador do Banco Central do Brasil Ailton de Aquino Santos; o Administrador do Conselho de Administração do Banco Nacional de Angola Miguel Bartolomeu Miguel; o Vice-Governador da sucursal de Malabo do Banco dos Estados de África Central na Guiné Equatorial, Jaime Edu Andomo Óbono; o Director da Sucursal Principal do Banco Central dos Estados da África Ocidental na Guiné-Bissau, Wilson do Espírito Santo Alves Cardoso; e o Presidente do Conselho de Administração da AMCM, Chan Sau San.


A cerimónia de abertura contou ainda com a participação do então Chefe do Executivo da RAEM, Ho Iat Seng, do Director do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, Zheng Xincong, do Comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China na RAEM, Liu Xianfa, e do então Secretário para a Economia e Finanças de Macau, Lei Wai Nong, como convidados de honra.

Inovação financeira

Ho Iat Seng disse, no discurso na cerimónia de abertura, que o Governo da RAEM tem estado empenhado há vários anos em desenvolver Macau como uma “Plataforma de Serviços Financeiros entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, um esforço que recebe o apoio do Governo Central. 


Ao longo dos últimos anos, realçou o Governante, o volume das transacções comerciais entre a China e os Países de Língua Portuguesa tem vindo a crescer e ultrapassou os 220 mil milhões de dólares americanos em 2023. 


De acordo com Ho Iat Seng, a Conferência é “mais um grande evento financeiro de nível internacional” na RAEM, depois de Macau ter acolhido, em Abril de 2024, a 6.ª Conferência Ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau). Estes eventos, destacou, realçam “ainda mais o papel de Macau enquanto plataforma e a sua influência internacional”.


Sublinhando que o debate sobre a moeda digital dos bancos centrais seria um dos tópicos pertinentes a ser debatido durante o evento, Ho Iat Seng revelou que a AMCM está a cooperar com o Instituto de Estudos de Moeda Digital do Banco Popular da China no que toca ao projecto de investigação e desenvolvimento da pataca digital.


“Contamos com as forças tecnológicas avançadas do País para introduzir no sistema monetário de Macau elementos tecnológicos modernos alinhados com o desenvolvimento da economia digital, em prol das exigências do desenvolvimento a longo prazo da RAEM”, frisou o Governante.

Aprofundar a cooperação

No seu discurso, o Governador do Banco Popular da China efectuou uma apresentação sobre a situação económica da China e o planeamento geral da abertura ao exterior em termos do sector financeiro, tendo partilhado a situação da cooperação financeira entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Pan Gongsheng apresentou também os progressos relativos ao apoio financeiro prestado para o desenvolvimento da diversificação adequada da economia de Macau.


Os representantes dos bancos centrais dos países lusófonos realizaram também apresentações temáticas, tendo partilhado as experiências adquiridas e as suas perspectivas relativas ao papel do banco central, à cooperação financeira entre a China e os Países de Língua Portuguesa, à inovação tecnológica financeira, à moeda digital do banco central e aos serviços financeiros digitais.


As opiniões apresentadas durante a Conferência, destacou a AMCM, servem como importante referência para Macau no desempenho do seu papel como “plataforma de serviços financeiros entre a China e os Países de Língua Portuguesa” e no desenvolvimento da indústria financeira moderna do território.


No evento, a AMCM e o Banco Central do Brasil assinaram o primeiro Memorando de Cooperação entre as partes. Foi também efectuada a renovação dos Acordos de Cooperação entre a AMCM e o Banco de Cabo Verde e o Banco de Moçambique, respectivamente. 


Até ao momento, a AMCM estabeleceu um mecanismo de cooperação com 12 entidades de supervisão financeira dos países lusófonos.


Para a Conferência, foram convidadas várias entidades, entre as quais as comissões estatais da área financeira, as autoridades financeiras dos governos municipais da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, os cinco maiores bancos comerciais estatais e as instituições financeiras de capital chinês que estabeleceram sucursais nos Países de Língua Portuguesa.


O evento contou com a presença de cerca de 300 participantes de alto nível, incluindo representantes das associações do sector financeiro dos países lusófonos e das instituições financeiras e associações profissionais de Macau. 

Série de actividades

A AMCM organizou também, entre os dias 23 e 25 de Setembro, o “VIII Encontro de Supervisão Bancária dos Bancos Centrais dos Países de Língua Portuguesa”.


O encontro focou-se na troca de experiências práticas em matéria de supervisão bancária, bem como na realização de seminários subordinados aos temas “Combate ao Branqueamento de Capitais e ao Financiamento do Terrorismo” e “Fintech”. 


A convite da AMCM, representantes do Banco Popular da China, da Administração Nacional de Regulação Financeira e do Gabinete de Informação Financeira dos Serviços de Polícia Unitários de Macau partilharam informações e experiências de supervisão, em matéria de combate ao branqueamento de capitais e “Fintech”, com os representantes dos bancos centrais dos Países de Língua Portuguesa.


Com o apoio da AMCM, teve também lugar o “2.º Encontro para o Avanço da Cooperação entre Bancos Comerciais dos Países de Língua Portuguesa e de Macau: Fórum de Investimento da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”, organizado pela Associação de Bancos de Macau.


Durante a estadia em Macau, a AMCM organizou visitas à cidade de Macau e à Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin para os representantes dos bancos centrais dos países lusófonos.


Na tarde do dia 23 de Setembro, uma delegação de representantes dos bancos centrais dos Países de Língua Portuguesa visitou o “Pavilhão de Exposição da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, montado pelo Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento no Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa.


Foi também organizada uma vista à Zona de Cooperação Aprofundada, incluindo ao pavilhão de exposições de planeamento e construção, às instalações da “E Fund Management Co., Ltd”, à empresa “Zhuhai Yuxin Yicheng Technology Co., Ltd.” e ao aldeamento Serensia Woods.


As visitas tiveram como objectivo melhorar o entendimento sobre a “Plataforma entre a China e os Países de Língua Portuguesa” em Macau e o co-desenvolvimento de Macau e Hengqin no âmbito do plano da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau.