A visita em Novembro passado do Presidente chinês ao Brasil ficou marcada pela vontade das duas nações em aprofundarem a cooperação em diversas áreas
As lideranças chinesa e brasileira decidiram elevar a relação bilateral entre os dois países para uma “Comunidade de Futuro Compartilhado Brasil-China por um Mundo mais Justo e um Planeta mais Sustentável”. O anúncio foi feito em Novembro passado, durante uma visita de Estado do Presidente da China ao Brasil, no seguimento da mais recente Cimeira do G20, que decorreu igualmente em solo brasileiro, no Rio de Janeiro.
De acordo com uma declaração conjunta após um encontro na capital brasileira, Brasília, entre Xi Jinping e o Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, os dois lados concordaram ainda em “estabelecer sinergias estratégicas” entre a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, promovida pela China, e as estratégias brasileiras de desenvolvimento. Segundo o comunicado saído da reunião entre os dois líderes, o objectivo passa por “impulsionar a actualização e o melhoramento da qualidade da cooperação entre os dois países, promover os processos de modernização do Brasil e da China e contribuir positivamente para a interconectividade e desenvolvimento sustentável”.
No âmbito do estabelecimento de sinergias estratégicas sino-brasileiras, as duas partes concordaram em promover prioritariamente a cooperação em áreas como as finanças, infra-estruturas, desenvolvimento de cadeias produtivas, investimentos, transformação ecológica, ciência e tecnologia e inovação. Além disso, as lideranças chinesa e brasileira reconheceram o potencial de cooperação existente nas áreas da defesa e da indústria de defesa.
A visita de Xi Jinping ao país sul-americano serviu também para assinalar o meio século de relações diplomáticas entre a República Popular da China e o Brasil, estabelecidas em Agosto de 1974. Nas vésperas da sua chegada ao Brasil, o Presidente chinês assinou um artigo de opinião, publicado na comunicação social brasileira, no qual defendia que a relação entre as duas nações é um exemplo de cooperação mutuamente benéfica entre dois grandes países em desenvolvimento.
O líder chinês recordou no artigo a forma como o relacionamento sino-brasileiro foi capaz de resistir às “mudanças e turbulências” que afectaram o contexto internacional ao longo dos últimos 50 anos, notando ainda que essas relações estão “cada vez mais maduras e dinâmicas”. Segundo acrescentou Xi Jinping, a relação China-Brasil tem promovido efectivamente o desenvolvimento mútuo, bem como contribuído “positivamente para a paz e a estabilidade” mundiais.
Já no Brasil, durante um banquete oficial oferecido pelo Presidente Lula da Silva, Xi Jinping sublinhou que, apesar da existência de um vasto oceano a separar os dois países, tal nunca impediu a compreensão mútua e o desenvolvimento de uma forte amizade. O líder chinês acrescentou que a China está pronta para, em conjunto com o lado brasileiro, dar as boas-vindas a mais 50 anos “dourados” de relações bilaterais.
“Ano Cultural Brasil-China” em 2026
Segundo o Comunicado Conjunto da reunião entre os Presidentes Xi Jinping e Lula da Silva, as partes consideraram que, nos 50 anos desde o estabelecimento das relações diplomáticas entre o Brasil e a China, as relações dos dois países têm resistido às rápidas mudanças e marcadas turbulências no contexto internacional, mantendo um desenvolvimento constante e positivo. O Brasil tornou-se, em 1993, pioneiro ao estabelecer uma parceria estratégica com a China. Em 2004, foi ainda um dos primeiros países a reconhecer a China como economia de mercado e, em 2012, a primeira nação da América Latina a acordar uma parceria estratégica global com o parceiro chinês.
Para reforçar as relações bilaterais sino-brasileiras, os dois países concordaram em realizar o “Ano Cultural Brasil-China” em 2026, no seguimento dos vários eventos culturais promovidos por ocasião da celebração do cinquentenário das suas relações diplomáticas. Esta nova iniciativa visa “fortalecer os laços culturais e aprofundar o entendimento mútuo entre os dois povos, com ênfase na promoção recíproca das suas culturas”, foi referido.
Os dois lados consideraram ainda como “muito positivos” os resultados da visita do Presidente Xi Jinping ao Brasil. O líder chinês manifestou também os seus sinceros agradecimentos ao Presidente Lula da Silva, ao seu Governo e ao povo brasileiro pela “calorosa e amistosa hospitalidade” que lhe foi dispensada.
Num balanço da visita de Xi Jinping ao Brasil, o Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, enfatizou que a deslocação foi benéfica no sentido de ter possibilitado uma comunicação estratégica aprofundada e amigável entre os líderes dos dois países, com ambos a concordar que as relações bilaterais sino-brasileiras se encontram no seu melhor momento de sempre. Segundo o Ministro Wang Yi, a visita do Presidente Xi Jinping ao Brasil representou um importante marco na história do relacionamento entre os dois países.