O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que a sua visita a Luanda serviu para marcar o regresso do seu país Brasil a Angola e reforçar as relações bilaterais que duram há quase cinquenta anos.
No final da sua visita de dois dias a Angola, Lula da Silva manifestou igualmente abertura do seu país em partilhar com Angola experiências sobre o programa “Fome Zero”.
“Acho que Angola tem todas as condições, estou a ter informações sobre o canal de água em construção no Cunene, acho extremamente importante, e nós temos interesse em trocar com Angola todas as experiências das nossas políticas de inclusão social, levando em conta a realidade de cada país”, disse o Presidente brasileiro.
O Presidente Lula da Silva anunciou ainda a criação de um Consulado Geral em Luanda, o primeiro num país africano lusófono, para a consolidação das relações bilaterais com Angola, onde vivem quase 30 mil brasileiros.
“Com aproximadamente 30 mil brasileiros, Angola já alberga nossa maior comunidade em todo o continente africano, por isso instruí o Ministro (das Relações Exteriores do Brasil) Mauro Vieira a estudar a abertura de um Consulado Geral em Luanda que será o primeiro num país de língua portuguesa em África”, anunciou.
Em declarações em Luanda, Lula da Silva afirmou que o regresso do Brasil a África se fará também pelos caminhos da cultura e prometeu a reedição das Conferências de Intelectuais de África e da Diáspora, evento já realizado no Senegal, e em Salvador, respectivamente em 2004 e 2006.
“Essa iniciativa que aproximou intelectuais das duas margens desse rio, chamado Atlântico, como parte dos preparativos dos 50 anos de relações diplomáticas presente entre os nossos países, em 2025, vamos reeditar essa conferência em Luanda e em Salvador”, garantiu.
Ao nível da cooperação económica, Lula disse que vê o Brasil como o “parceiro ideal” para Angola impulsionar a revolução agrícola que está a tentar alcançar, prevendo também “soluções conjuntas para o desenvolvimento sustentável”.
Durante a visita, Brasil e Angola assinaram 11 acordos, com destaque para o desenvolvimento do Vale do Cunene, a Saúde e a Defesa.
O Presidente do Brasil considerou ainda que o seu país quer apoiar Angola nos esforços para diversificar a economia, referindo existir espaço para o crescimento do comércio entre as duas nações.
Durante a visita, o Presidente do Brasil foi condecorado pelo seu homólogo angolano com a Ordem António Agostinho Neto, a mais alta distinção do país. Por sua vez, Lula da Silva condecorou João Lourenço com o Grande Colar da Ordem Nacional Cruzeiro do Sul, a mais alta distinção que o Brasil atribui a individualidades estrangeiras.
Antes de partir para São Tomé e Príncipe, em visita oficial, Lula da Silva defendeu uma reforma no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
Em declaração à imprensa, o Presidente brasileiro disse que Conselho de Segurança da ONU já não representa “aquilo para o qual foi criado”.
Lula afirmou que o Brasil defende a entrada do país no Conselho de Segurança como Membro Permanente juntamente com a Índia, a Alemanha, o Japão, a Nigéria e o Egipto.