Ogoverno de Angola deseja que mais empresários chineses invistam no sector agrícola do país e que a produção resultante seja exportada para a China, afirmou recentemente o Ministro angolano da Economia e Planeamento.
Mário Augusto Caetano João disse à agência noticiosa chinesa Xinhua que esses investimentos, além de serem importantes para a diversificação da economia angolana, permitiriam que Angola conseguisse beneficiar da decisão do governo da China de abrir os seus mercados aos produtos angolanos.
O Ministro recordou que Angola dispõe de 60 milhões de hectares de terrenos com potencial agrícola, com uma densidade populacional de 30 pessoas por quilómetro quadrado.
“O facto de o governo da China ter garantido aos produtos de Angola entrada livre de direitos alfandegários e isenção de quotas significaria que tanto o nosso país como os empresários chineses que aqui decidissem investir ficariam a ganhar”, salientou o Ministro, na entrevista concedida a agência noticiosa chinesa.
Caetano João mencionou, no entanto, a necessidade da realização de grandes investimentos em infra-estruturas, como estradas, e na produção de energia, bem como no desenvolvimento dos recursos hídricos.
“Tais investimentos permitirão que os capitais aplicados no negócio agrícola venham a ser remunerados com o escoamento desses produtos para os mercados de consumo”, disse, para recordar que produtos agrícolas como o milho, arroz, trigo e feijões são “de extrema importância para a segurança alimentar da nação.”
O Ministro mencionou que várias empresas da China investem já no sector agrícola no país e mencionou que o maior produtor de milho na província de Malanje é a empresa chinesa Jiangsu Jiangzhou Agricultural.
Ao comentar os resultados da cooperação sino-angolana ao longo dos anos, muito particularmente a relativa à construção de infra-estruturas, Caetano João disse que Angola louva o empenhamento da China no país, nomeadamente no que se refere à diversificação do tecido económico, “atendendo ao facto de que é benéfico para ambas as partes.”
Ao longo da entrevista, o Ministro mencionou o facto de que a diversificação da economia, centrada como tem estado há décadas na produção de petróleo, tem sido um dos principais objectivos do governo ao longo dos últimos cinco anos.
Alguns progressos nesse sentido foram alcançados, disse, “mas é claro que a diversificação económica continua a ser um grande desafio.”
“O sector petrolífero representava 43% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011, sendo que actualmente não representa mais de 28%. Tal significa que 72% do PIB é garantido pelo sector não-petrolífero”, salientou.
O Ministro disse que o negócio agrícola em toda a sua dimensão, o desenvolvimento do capital humano e a introdução de melhorias no sentido de tornar mais fácil o ambiente de negócios no país são os três pilares conducentes à diversificação da economia ao longo dos próximos cinco anos.
“O negócio agrícola é o mais determinante para o crescimento da economia em Angola. Quando falo de negócio agrícola quero dizer agricultura, comércio, transportes, processamento de produtos agrícolas e tudo o que está envolvido na cadeia de valor daquele sector”, precisou Caetano João, que previu uma taxa anual de crescimento de 5,0% para o sector não-petrolífero e de 3,5% para o PIB global nos próximos cinco anos.
O capital humano irá ser desenvolvido através da introdução de melhorias nos sistemas de saúde e de educação, “uma vez que o capital humano é um dos determinantes mais importantes para o crescimento de uma sociedade.”
Caetano João referiu ainda que o governo tem planos para começar a produzir medicamentos, tanto para consumo humano, como animal.
“O último pilar, mas de forma alguma o menos importante, prende-se com o ambiente para realizar negócios. Temos de garantir que todos podem criar e gerir o seu próprio negócio e ter acesso a financiamento a fim de que possa vir a ser um dos mais importantes empregadores na nossa economia”, disse.
O Ministro não quis deixar passar em branco o mundo digital, “uma vez que é precisamente aqui que se está a fazer muito negócio”, tendo frisado que todas estas áreas são aquelas em que Angola gostaria de ter uma cooperação mais acentuada com a China.
Por fim, disse à agência Xinhua que os investimentos de empresas chinesas em Angola ascendem actualmente a 20 mil milhões de dólares, “pretendendo nós que esse montante venha a ser muito maior.”