Verifica-se uma melhoria da situação económica global no seu conjunto a partir do ano de 2017. As principais economias mostram sinais de recuperação, o sistema financeiro melhorou e a procura global no mercado internacional aumentou.
De acordo com as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI), o crescimento económico mundial registou os seguintes valores passando de 3,2 por cento em 2016 para 3,6 por cento em 2017 e com uma previsão de 3,7 por cento em 2018. A situação económica global a nível mundial tem vindo a melhorar gradualmente impulsionando a recuperação do comércio global. A China assegurou uma recuperação económica significativa, continuando a evidenciar sinais de um crescimento sustentado caracterizado por uma tendência sólida e constante, tendo-se tornado a principal força impulsionadora da economia mundial e promotora da liberalização do comércio internacional.
1.Situação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (PLP) Janeiro – Novembro de 2017
Num panorama de elevado crescimento da procura comercial da China no mercado internacional e um ambiente de comércio externo favorável à economia chinesa, verifica-se um rápido crescimento das importações e exportações chinesas em 2017, nomeadamente nas trocas comerciais entre a China e os PLP, que registaram um aumento significativo em comparação com o crescimento homólogo de 2016. Segundo as estatísticas da GACC-Administração Geral das Alfândegas da RPC, de Janeiro a Novembro de 2017, o valor total das importações e exportações entre a China e os Países de Língua Portuguesa foi de US$107,755 mil milhões, um aumento homólogo de 29,47 por cento, superando o montante total de US$90,87 mil milhões verificado em 2016; dos quais, a China importou bens no valor de US$74,756 mil milhões dos Países de Língua Portuguesa, um aumento de 32,21 por cento, em comparação com o período homólogo; exportou mercadorias no valor de US$32,999 mil milhões para os PLP, um aumento homólogo de 23,66 por cento.
As estatísticas mostram que, entre Janeiro e Novembro de 2017, o comércio bilateral entre a China e Angola e o Brasil cresceu rapidamente. O comércio bilateral entre a China e o Brasil totalizou US$80,034 mil milhões (representando 74,27 por cento do comércio bilateral total entre a China e os PLP), com um aumento homólogo de 29,19 por cento. E o volume de comércio bilateral entre a China e Angola foi de US$20,657 mil milhões (representando 19,17 por cento do comércio bilateral total entre a China e os PLP, um aumento homólogo de 45,14 por cento.
2.Investimento da China nos Países de Língua Portuguesa
Em 2016, o investimento directo da China nos PLP totalizou US$399 milhões, registando um aumento notável de 263,7 por cento em comparação com o período homólogo. O volume de investimento directo nesses países totalizou US$5,699 mil milhões, um aumento homólogo de 26,5 por cento. De entre os PLP, Angola e o Brasil são os principais destinos de investimento da China, principalmente nas áreas de agricultura, pesca, energia, electricidade, finanças, infra-estruturas, transporte, indústria de automóveis e maquinaria.
Os dados mostram que em 2016, Brasil, Angola e Timor-Leste foram os países com crescimento mais rápido em termos de fluxos de investimento estrangeiro directo da China, respectivamente, com um aumento de 297 por cento, 85 por cento e 63,6 por cento, respectivamente. O Brasil continua a ser o maior receptor de investimento chinês.
Em relação a Moçambique, segundo as estatísticas de investimento para o primeiro semestre de 2017, divulgadas pela Agência para a Promoção de Investimento e Exportações (APIEX) daquele país, a China substituiu os Emirados Árabes Unidos e a África do Sul (os seus maiores investidores estrangeiros a nível estatal no período 2011-2016) e tornou-se o maior investidor público estrangeiro em Moçambique.
3.Análise do Ambiente de Investimento e Comércio entre a China e os Países de Língua Portuguesa
O ambiente global do comércio e investimento entre a China e os PLP continuará a melhorar e ambas as partes têm procura interna para continuar a promover o crescimento do comércio. No entanto, com a economia mundial ainda em fase de recuperação, com um crescimento enfraquecido, ainda há muitas incertezas relativas à retoma económica global, o que traz algumas preocupações para o desenvolvimento do comércio e do investimento entre a China e os PLP.
Os factores positivos são, em primeiro lugar, que a China e os PLP têm uma procura interna suficiente para sustentar a sua cooperação económica e comercial. A economia da China continuará a manter um crescimento estável, através duma reestruturação da sua economia, do crescimento impulsionado pela inovação, da transformação e modernização das indústrias tradicionais e com o aparecimento de novas indústrias. Os Países de Língua Portuguesa no Fórum de Macau, com características estruturais nas suas economias e que se conjugam com as características da China em graus variados, promoverão a cooperação económica e comercial entre a China e os PLP.
Em segundo lugar, a China está empenhada em promover uma economia mais aberta nomeadamente com a criação de zonas de comércio livre por todo o mundo. Em Maio de 2017, o Presidente chinês Xi Jinping propôs, no Fórum para a Cooperação Internacional “Uma Faixa, Uma Rota”, que seja realizada anualmente, a partir de 2018, a “Expo China International Import” (CIIE). A primeira Expo terá lugar em Xangai de 5 a 10 de Novembro de 2018. A área de exposição total será de mais de 240 mil metros quadrados, com importantes sectores como o Pavilhão do País para Comércio e Investimento e a Exposição de Empresas e Negócios. Este evento proporciona uma excelente janela de oportunidades para as exportações dos Países de Língua Portuguesa para a China.
Em terceiro lugar, o papel de Macau como plataforma tem vindo a ser constantemente aprimorado. Com o apoio do Governo Central, o Governo da RAEM tem envidado esforços contínuos, fazendo progressos positivos na construção de Macau como uma Plataforma de Serviços para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Com o desenvolvimento da diversificação económica de Macau, os avanços na construção da Área da Grande Baía de Guangdong-Hong Kong e Macau e a assinatura do “Acordo de Investimento CEPA” e o “Acordo de Cooperação Económica e Técnica do CEPA” entre o Interior da China e Macau, as vantagens de Macau como Plataforma de Serviço de Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa tornam-se ainda mais evidentes.
No entanto, o desenvolvimento da cooperação económica e comercial entre a China e os PLP foi também afectado por alguns factores desfavoráveis, nomeadamente, incertezas numa recuperação sustentada e estável da economia mundial que formam factores de riscos. Embora o crescimento económico global tenha registado uma franca recuperação, ainda existem incertezas e riscos nos mercados financeiros; os preços das mercadorias não se encontra em níveis estáveis e o desenvolvimento do comércio sofre de um certo desequilíbrio. A recuperação da economia mundial ainda é relativamente fraca.
Em suma, a economia mundial continuará em lenta recuperação mas criando simultaneamente novos espaços de desenvolvimento. Perante o fraco crescimento da economia global, a cooperação económica e comercial entre a China e os PLP será, em certa medida, afectada. Entretanto, devido à existência de mais factores favoráveis, a tónica de desenvolvimento da cooperação económica e comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa manter-se-á inalterada, e prevê-se que a taxa de crescimento se mantenha estável.