I. Contexto geológico
A República da Guiné-Bissau, situa-se na costa ocidental da África, entre a República do Senegal a Norte, a República da Guiné Conacri a Este e Sul, e o Oceano Atlântico a Oeste. Cobre uma área total de 36.125 km2 dividida em nove regiões administrativas. O país é plano excetuando-se a parte Este onde existem colinas de não mais de 300 metros de altitude. O território tem uma parte insular com mais de 80 ilhas e ilhéus, das quais apenas 20 são habitadas. Essas ilhas formam o arquipélago dos Bijagós.
o levantamento geológico do território da República da Guiné-Bissau foi sendo realizado ao longo dos anos de 1940 a 1960, tendo sido editado, em 1968, a carta geológica na escala de 1/500 000. Após a independência, sendo a Guiné-Bissau um país de fracos recursos, não pode, por si só, custear os trabalhos do processo geomineiro porque requerem grandes investimentos. Por isso, grandes campanhas organizadas para a continuidade do conhecimento da potencialidade de recursos geomineiros foram financiadas através de fundos de cooperação bilateral e multilateral (ex-URSS, França, Portugal, PNUD, etc.).
Sinteticamente, diríamos quanto a geologia que, aproximadamente, três quartos do país, a oeste duma linha que se estende de Pirada a Buba passando por Bafatá, são ocupados pelas formações do cretáceo, paleocénico e neocénico. As formações do paleozóico (câmbrico, ordovícico, silúrico e devónico) ocupam a quarta parte a este do país. Quanto às formações do pré-câmbrico, elas estão confinadas numa modesta superfície no extremo nordeste do país.
Imagen 1: carta geológica editada na escala de 1/500 000 em 1968
II. Recursos minerais
Os trabalhos efetuados até a data presente, no sector mineiro, permitiram identificar, preliminarmente, cinco domínios de recursos minerais que apresentam certo potencial económico, nomeadamente:
i. Pedras preciosas
No quadro de cooperação bilateral com Portugal, a Sociedade Portuguesa de Empreendimentos S.A, nos anos de 1983 a 1985, fez trabalhos de reconhecimento com resultados positivos em certas areas selecionadas potencialmente favoraveis à ocorrência de quimberlitos, eventualmente diamantíferos. Essas areas situam-se em contexto geológico-estrutural favorável, isto é, em formações pré-câmbricas e câmbricas.
Os resultados positivos referem-se a deteção em algumas amostras de concentrados de minerais densos (ilmenites e piropos típicos) satélites de rochas quimberliticas. O elemento indicador mais evidente foi o Cromo (Cr), cujos pontos de amostragem com teores anómalos, estão por vezes associados ou próximos dos concentrados positivos.
ii. Bauxite
Os jazigos de Boé estão situados no extremo Sudeste da República da Guiné-Bissau, na região de Gabú, sector de Boé, aproximadamente a 240 km da capital Bissau. São no total cinco (5) jazigos: Eva e Caim situados na margem esquerda do rio Fefine e Felo Canhage, Vendu Leidi e Rachel-Rebecca, situados na margem direita. Os jazigos ocupam uma área de 400 ha sobre duas margens do rio Fefine. O minério é idêntico ao da República da Guiné, constituído de gibbsita ou trihidrate de alumínio.
Imagen 2: Mapa de localização dos jazigos de bauxite de Boé
As reservas foram definidas para diferentes categorias de acordo com as correspondentes variantes do teor de bordo que são, ao total, quatro conforme a seguir indicadas:
Variante I : Reservas – 57,66 Mt( milhões de toneladas); Teor – 47,46%AL2O3
Variante II – Reservas – 76,92 Mt ( milhões de toneladas); Teor – 46,33%AL2O3
Variante III – Reservas – 96,87 Mt ( milhões de toneladas); Teor – 44,92%AL2O3
Variante IV – Reservas – 109,78 Mt ( milhões de toneladas); Teor – 43,99%AL2O3
Em caso de transporte do minério, três elementos são preciso ter em consideração:
a) o caminho-de-ferro; b) as estradas; e c)o porto. A via de evacuação mais apropriada para o minério de Boé parece ser o caminho-de-ferro que ligará a zona dos jazigos ao futuro Porto de Buba. O sítio escolhido para a construção do Porto localiza-se na margem direita do rio grande de Buba, entre afluentes Sibija e Mancoto, que fica a 12 km da cidade de Buba. A disposição de terrapleno e de cais é fácil. A profundidade é de -15m; e a profundidade de -18,20m só precisa de poucas dragagens. Trabalhos hidrográficos e de balizagem devem ser conseguidos com muita facilidade. Os navios de 150 000 a 170 000 tpl representarão sem dúvida a tonelagem maior, habitual na matéria (tirante de água: -17 m). O comprimento de navios a receber deverá variar entre 200 e 300 m, dimensão que será manobrável facilmente no porto.
iii. Fosfato
Importantes recursos em fosfato de boa qualidade, em Farim, com as seguintes reservas de acordo com as seguintes empresas :
BRGM: 113Mt, 30% P2O5;
Champion Resources Inc: 166Mt, 29% P2O5; e,
GB Minerals AG: define um recurso medido de 105,6 Mt e 28,4%P2O5 e um recurso inferido de 37,6 Mt com um grau médio de 27,7% P2O5.
iv. Areias pesadas de Varela (minerais industriais - ilmenite, rutilo e zircão) e materiais de construção
Os jazigos de ilmenite e de zircónio situam-se a noroeste da Guiné-Bissau, concretamente nos arredores da localidade de Varela. Os resultados de trabalhos feitos com ajuda da cooperação com a Rússia apontam reservas indicadas de 440 000 toneladas de areias pretas, contendo 87 000 toneladas de ilmenite e 17 000 toneladas de zircónio. Os materiais de construção (gravilha, areia, argila, doleritos, etc.) são destinados ao consumo interno e à exportação.
v. Ouro, cobre, chumbo, zinco e molibdeno
A empresa portuguesa S.P.E. fez trabalhos de prospecção, nos anos de 1983- a 1985, cujos ressultados foram positivos inclusive e para ouro. Eis os resultados das análises das amostras: 6ppb a 125ppb. No quadro de um projecto de cartografia e prospecção mineira executado pelo BRGM (França) foram descobertas algumas anomalias geoquímicas, mormente: cobre, chumbo, zinco e molibdeno na região de Gabu, leste do pais,concretamente na tabanca de Canguiro. Falta de financiamento para a prossecução de trabalhos.
III. Conclusão
A Guiné-Bissau é rica em recursos minerais e não sofre da escassez de água do oeste, onde a tecnologia e o financiamento são os maiores constrangimentos ao desenvolvimento mineiro.
Actualmente, o Governo da Guiné-Bissau está em contacto frequente com gigantes mineiros de diferentes países na esperança de lançar o mais rapidamente possível o desenvolvimento dos recursos minerais no país, incluindo a China. Segundo consta, a Guiné-Bissau iniciará em setembro deste ano a exploração de petróleo, que será realizada por uma empresa russa. Uma vez desenvolvidos os recursos minerais da Guiné-Bissau, a situação financeira do país melhorará consideravelmente e haverá uma grande procura para a construção de estradas, caminhos-de-ferro e portos.