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Café de Timor-Leste: caminhar firmemente para o café de alto valor
Tempo de liberação:2024-04-02
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Timor-Leste está localizado na parte oriental da ilha de Timor, situada no Sudeste Asiático, no qual o café constitui a cultura agrícola mais importante e o principal produto de exportação não petrolífero. Esse produto não só proporciona rendimento para cerca de 20% das famílias e cria oportunidades de negócios para processadores, comerciantes e proprietários de lojas de retalho de café, como também produz receitas significativas de exportação para o país. Desde a independência de Timor-Leste, as exportações de café representam de 85% a 90% do valor total dos produtos exportados não petrolíferos do país. Em 2021, a produção de café no país atingiu 13.314 toneladas, um aumento de 24% em relação às 10.737 toneladas de 2020 (Fonte das estatísticas: Knoema). Em termos das espécies, a arábica representa cerca de 90% da produção anual, enquanto 10% é ocupado pela robusta. O café timorense geralmente apresenta um sabor moderado, suave e delicado, com baixa acidez, mantendo, contudo, um toque de vivacidade. É apreciado pelo seu sabor, que geralmente remete ao açúcar mascavado e ao chocolate, acompanhado por um aroma suave e agradável de terra. Tradicionalmente, o café timorense processa-se de forma húmida.


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Em 2021, o valor das exportações de café de Timor-Leste atingiu 16,3 milhões de dólares americanos, tendo como principais destinos o Canadá (5,24 milhões de dólares, representando 32,1%), os Estados Unidos (4,63 milhões de dólares, representando 28,3%), a China (1,57 milhões de dólares, representando 9,62%), a Austrália (1,03 milhão de dólares, representando 6,32%) e o Japão (902 mil dólares, representando 5,52%). Nos últimos três anos, o café timorense registou um notável crescimento no mercado chinês, como expresso no seguinte gráfico, que resume os dados de exportação de café de Timor-Leste, entre 2015 e 2021:


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(Fonte das estatísticas: The Observatory of Economic Complexity)


Timor-Leste é provavelmente o único país do mundo que produz exclusivamente café orgânico, que se destaca pelo seu potencial de qualidade excepcional. No entanto, no passado, a maioria dos grãos de café era exportada apenas como café de categoria comercial. Nos últimos anos, os principais produtores timorenses de café têm estado empenhados em melhorar a qualidade da colheita e do processamento, a fim de transitar de café de categoria comercial para café gourmet. Em simultâneo, têm explorado diversas técnicas de processamento, com vista a produzir café de elevada qualidade.


Na actualidade, os principais exportadores de café de Timor-Leste são os seguintes: 


1. A Cooperativa Café Timor (CCT), o maior e mais antigo exportador de café em Timor-Leste, representa mais de 50% do total das exportações anuais do país. A CCT conta com mais de 28.000 membros de pequenos agricultores, todos certificados a nível internacional pela Fairtrade e pela Organic. O processamento por via húmida é realizado na fábrica municipal da CCT, localizada na cidade onde se colhe a matéria-prima. O processamento a seco, por sua vez, realiza-se na fábrica situada em Railaco. O processo final de descasque, selecção e preparação para a exportação ocorre na fábrica Akdiru Hun da CCT, localizada em Díli.


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2. A Outspan Agro Timor/Olam Timor-Leste, o segundo maior exportador de café em Timor-Leste e filial da Olam International, um dos maiores comerciantes de commodities do mundo, representa cerca de 15% a 20% do total das exportações anuais do país. A Outspan iniciou as suas operações em Timor-Leste em 2015 e opta por adquirir café, principalmente café em pergaminho seco, tanto através de agentes como através de negócios directos com cerca de 2.000 agricultores, procedendo posteriormente ao processamento centralizado na sua fábrica. Recorre activamente ao cupping para a classificação do café.

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3. A Timor Global, uma das empresas de café mais antigas em Timor-Leste e actualmente o terceiro maior exportador de café do país, representa cerca de 10% a 15% do total das exportações anuais no território timorense. A empresa opta por adquirir café, principalmente café em pergaminho húmido, directamente dos agentes e agricultores, procedendo posteriormente ao processamento centralizado na sua fábrica. A Timor Global esteve envolvida no comércio de café de categoria comercial. Desde 2018, todavia, tem estado em processo de transição para o café gourmet. Em 2020, na competição nacional de qualidade de café, a Timor Global conquistou o primeiro lugar com a pontuação mais alta na história timorense, sendo também o único exportador de café a nível nacional que conta com profissionais de qualidade de café certificados.


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Vale a pena também mencionar duas médias empresas exportadoras de café: a Café Brisa Serena (CBS) e a PARCIC, que exportam, respectivamente, cerca de 150 toneladas e 100 toneladas de café por ano, principalmente para o mercado japonês. Nos últimos anos, com o apoio do Japão, as duas empresas têm estado envolvidas no restauro e na renovação das árvores de café locais em Timor-Leste. Em 2015, a CBS estabeleceu o primeiro laboratório de cupping e o sistema de rastreabilidade em Timor-Leste, tornando-se também o primeiro exportador de café gourmet do país.


Foi mesmo no ano de 2015 que a história do café em Timor-Leste começou a mudar e, até aos dias de hoje, os passos em direcção ao café de qualidade tornam-se cada vez mais firmes. 


Em 2016, foi fundada oficialmente a associação oficial da indústria de café do país, a Associação Café Timor (ACT).


Em 2017, a ACT estabeleceu o primeiro laboratório de cupping a nível nacional em Timor-Leste e, no mesmo ano, organizou o Festival Kafé Timor, um importante evento a nível nacional no domínio do café. Durante o festival, o país realizou a sua primeira competição de café, tendo convidado diversos especialistas internacionais para avaliar e pontuar os grãos de café timorense.


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Nos dias de hoje, Timor-Leste também deu origem a várias marcas de café gourmet, estando empenhado na actualização industrial orientada para a elaboração de marcas de café.


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Em Maio de 2019, o governo timorense anunciou o “Plano Nacional de Desenvolvimento do Sector do Café 2019-2030” (adiante designado por “Plano 2019-2030”), no qual o conceito de “café gourmet” foi oficialmente estabelecido como uma das metas de desenvolvimento do sector, acompanhado por medidas complementares específicas. De acordo com o Plano 2019-2030, a produção de café de Timor-Leste deverá duplicar até 2030, atingindo 20.000 toneladas; ao mesmo tempo, o valor da produção deve crescer para 270% do seu valor actual, o equivalente a 73 milhões de dólares; em termos da qualidade dos grãos de café, a proporção de café comercial com preço inferior a 2,99 dólares por quilograma deve diminuir para 30%, havendo um aumento para 60% de proporção de café de qualidade com preços entre 3 e 4,99 dólares por quilograma; já a proporção de café gourmet com preços iguais ou superiores a 5 dólares por quilograma deve atingir os 10%.


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Para alcançar essas metas, o “Plano 2019-2030” estabelece medidas específicas em seis domínios: investigação e desenvolvimento, produção e produtividade, qualidade e valor agregado, acesso ao mercado e promoção, consumo interno e turismo de café, bem como gestão e coordenação das entidades competentes de café. Isso visa aprimorar, de forma abrangente, a produção, a qualidade e a elaboração da marca do café de Timor-Leste.


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Merece ser notado o seguinte facto: embora Timor-Leste possua uma área de cultivo de café de cerca de 52.000 hectares, a idade avançada das árvores de café (mais de metade são árvores antigas sem capacidade de produzir frutos), bem como a falta de conhecimentos técnicos dos agricultores, levam a uma produtividade baixa do café em Timor-Leste. Na maioria das regiões da Ásia, a produtividade do café varia de 2.500 a 3.000 quilogramas de café cru por hectare, enquanto em Timor-Leste a produtividade é de apenas 195 quilogramas por hectare. Em vista disso, presta-se prioridade ao restauro (através da poda de ramos e tocos) e à renovação (remoção de árvores de café antigas e replantação) das árvores de café existentes. Actualmente, já se levaram a cabo trabalhos de restauração em vários cafezais, os quais beneficiaram parcialmente do apoio financeiro de entidades governamentais e organizações internacionais.


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A indústria do café em Timor-Leste está a experimentar um crescimento acelerado, avançando firmemente para a produção de café de qualidade. As redes sociais em constante desenvolvimento também garantem que os consumidores de todo o mundo estejam conscientes deste país produtor de café especial. Além disso, observa-se um crescente interesse de investidores que acompanham de perto os progressos deste sector, para não perderem as oportunidades oferecidas. Acreditamos que, num futuro próximo, o café de Timor-Leste não será mais considerado como um “café minoritário”.